segunda-feira, 30 de março de 2009

Uma foto para a eternidade

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Uma foto, tamanho convencional, 10x15cm, tirada em modelo sépia transparece os séculos passados. A menina no seu vestido cheio de babados, sentada nos trilhos da antiga ferrovia mineira. Percebe-se ao redor seu urso de pelúcia jogado a seu lado, enquanto a pobre menina olha na direção do por do sol no horizonte, entre nuvens que anunciavam tempos chuvosos. Esperando o trem, a doce menina mostra no olhar o medo da partida que a remete a tão adulta insegurança do porvir. O tom do desencanto está aparente em sua face pálida e assustada, com a expectativa de um retorno que nunca aconteceria. O trem está vindo e segundos antes de sair correndo para o embarque, o registro. Um flash, nada mais que no instante de um flash, esse foi o tempo da foto e da tão agonizante despedida que deixou uma incurável cicatriz aberta em seus sonhos. E então, a bela foto foi colocada em um porta retrato de moldura dourada para deixar gravado um passado sempre presente no futuro. Como eu sei? Eu era a menina.
Agrelli, Lívia.
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