terça-feira, 1 de dezembro de 2009

La vem, la vem...

.
La vem você meu bem
Com esse jeito que vai e vem
Com sorriso que tanto tem
E um cheiro de matar também

La vem você meu bem
Com seu olhar de caçador
Com passos de jogador
Cantarolando “Whisky à Go-go”

La vem você meu bem
Mexendo com a menina daqui
Fazendo os moleques sorrir
Piscando pra vizinha Iraci

La vem você meu bem
Mesmo sem ter vintém
Vive a vida como ninguém
Passeia de York a Xerém

La vem você meu bem
Que nem carro nem dinheiro tem
Luxa de noite e de dia também
Aponta o dedo e todas vem

La vem você meu bem
Dizendo o que elas querem ouvir
Inventando desculpas que as fazem cair
Contando histórias para boi dormir

La vem você meu bem
Com marra de sedutor
Se fazendo de doutor
Com seu gingado trocador



Agrelli, Lívia.
.

sábado, 7 de novembro de 2009

Ao amigo Vieira

.
Hoje é seu dia
não seu aniversario, mas é seu dia
te olho e sinto uma falta
um vazio no peito
vontade de chorar
eu sei
é saudade
quero seu sorriso
quero seu beijo
quero sua singela presença na noite estrelada
uma jogatina
uma peça de dominó
risadas e gargalhadas
mais uma vez ganhei
ganhei você na minha vida
a minha maior vitória
já conheço seu sorriso
já conheço seu olhar
até o jeito de limpar o suor eu já conheço
e não conheço de hoje
há muitas e muitas vidas
saudades das ligações noturnas
canções e poesias recitadas com o tempero salgado das lágrimas
que hoje temperam as doces lembranças de um recente passado
As ondas do mar que nos separam levam e trazem os ventos que tocam seu rosto
que passam pelos seus pulmões
chegam em mim de qualquer forma
redondas e brancas no inverno
reluzentes no verão
velozes no outono
coloridas na primavera
não há estação que não chegue a mim
hoje, essa é a minha, ou o meu, terapia
Ah saudade da pexte

Agrelli, Lívia.


.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Após o fim

.
Me pergunto por quê quando tudo acaba as pessoas tentam demonstrar uma falsa alegria. Será que elas pensam que isso atinge? Será que não percebem o quanto estão sendo ridículas? Sei que seu sorriso esconde alguem sozinho, por isso não tente mostrar para mim o que nem mesmo você consegue provar para si. Eu sim estou bem. Bem comigo, bem com o mundo, por isso não tento provar nem demonstrar nada, afinal, a resposta que tenho em mim me basta! Não seja feliz, sinta-se feliz, assim verás o quanto seu sorriso é caricato.

Agrelli, Lívia.
.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Carta a um Estranho

.
Estranho,
estranhamente sempre me vem você a mente. Estranho pensar o quanto faz mal sentir sua ausência estranha em minha vida estranha. Estranhar sentimentos é tão estranho quanto querer estar próximo e não poder. Mas sabemos que o que importa é compartilhar esta tão estranha cumplicidade, que só pessoas estranhas, como eu e você, conseguem, mesmo com essa estranha distância inofensiva quando se refere ao nosso estranho amor...
Um beijo
estranho
da sua amiga
estranha
Agrelli, Lívia.
.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Mi Manchi

.
Só consigo pensar em o que será de mim amanhã. Acordar sem seu corpo quente, sem sua respiração e seu cheiro doce. Pele macia não sentirei. Meu corpo pela manhã não estará completo, faltará uma parte de mim, uma parte em mim. Vou para a varanda e de lá vejo seu quarto escuro. Luzes apagadas, só falta você. O telefone não toca e mesmo assim não paro de abrir-lo na esperança que seu nome apareça. Leio e releio mensagens tentando imaginar onde você esta. Ainda sinto suas mãos em meu rosto. Carícias. Noite, frio e cigarro, só falta você.
Agrelli, Lívia.
.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Per Titi

.
Sua imagem estampada numa caixa preta me faz viajar. É como se eu, naquele momento, fosse você. É como se naquele momento sentisse que você e eu fossemos a mesma pessoa. Não te olho, te vejo. E a profundidade do enxergar não se detém a superficialidade das cores e formas de uma imagem. É uma alma sendo vista. Um amor sendo reconhecido. Uma cativa e magnética semelhança. A identificação dos sentidos é mais do que uma mera conseqüência, é o reflexo de você em mim. Não há distância. Este sentimento é onipresente. Sempre em mim, sempre em você. Como este texto, o que sentimos é assim, sem palavras, sem fim...
Agrelli, Lívia.
.

sábado, 26 de setembro de 2009

Atenção

.
Queria não ser assim, queria exigir menos, queria não exigir. Não adianta, exijo muito, exijo pouco, mas exijo. Não quero textos de Mario Quintana, nem frases melancolicas. Na verdade não acredito na capacidade de tanta comoção, seria um simulacro sentimental tão clichê quanto o amor contemporâneo. Se até mesmo seu silêncio fosse destinado a mim, já me afagaria. Enfim... talvez eu nao exija tanto, talvez não exija, talvez só espere. Talvez não seja, talvez não tenha, talvez não queira. Até breve, até depois, até um dia, até a vida... talvez.
Agrelli, Lívia.
.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Eu e Você

.
Faltam exatamente 6 horas e 35 minutos para a minha volta e é como se desde chegada o sentimento fosse de partida. Partida não sei pra onde e nem por quanto tempo, ou sei, mas não quero acreditar. Contudo, a sensação dói mais quando penso que a única dor que deveria existir, já há 3 anos, é a dor do “até à noite amor, bom trabalho”. Sensações, sentimentos, pensamentos, palavras tão vagas quando se trata de nós. Cada vez mais diferentes, cada dia melhores, cada um, cada qual. Como se na verdade já estivéssemos participado de uma eternidade, mas nossa eternidade até hoje durou apenas 3 anos, 3 encontros, 3 dias que estive aqui, com você, e quando penso que neste momento tudo gira em torno do número 3, vejo que me engano, porque na verdade, gira em torno do 2, eu e você. Não sei o que acontecerá depois que eu entrar naquele avião e, sinceramente, estou com muito medo de descobrir, a única certeza que tenho é que nosso futuro é, como tudo entre nós sempre foi, uma incógnita. Desejo muito que essa dúvida amanhã seja esclarecida e possamos chegar a uma única conclusão: Que o resultado de toda essa história seja 2, seja par, seja eu e você.
Agrelli, Lívia.
.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Réu do crime que não cometi

.
Com as mãos sujas do sangue que não toquei. Assassina de corpos e mentes que nem mesmo conheci e crimes que nem mesmo cometi. Culpada pelo crime de omissão, do silêncio, da conivência. Não sei como expressar tamanha dor. Tento unir reforços porém a impressão que tenho é que caminho em uma esteira. Desesperadoramente busco um refúgio de paz onde a única coisa que vejo sejam cores, que cheiro sejam rosas e que toco sejam pétalas. Jogo em meus ombros o peso de uma história escrita com o suor da humilhação. Passa por minha pela a sensação de apatia, verdadeiro estado de inércia, sem saber como transformar todo esse sentimento em algo construtivo. Lágrimas derramadas como canivetes cortaram os rostos daqueles que um dia sonharam simplesmente em viver. Sem luxo, ganância, ambição ou coisas do tipo, a única esperança era viver. Foram brancos, amarelos, negros que ficaram vermelhos. Na verdade vermelharam até a última gota que lhes sobrou. Por isso me sinto de uma única cor. Cinza. Como os vermelhos que tornaram-se cinzas. Após lavar bastante as mãos, olhe-as e sinta a sujeira que há nelas.
Agrelli, Lívia.
.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

A vida é um origami!

.
A vida é um origami. Que devaneio! Mas pensando bem, num é que a vida realmente é um origami. Começa em um papel liso e em branco, com o movimentar dos dedos vai dando formas, volumes, tamanhos e interpretações, cada um com sua habilidade. Pare, pare, pare. Dobrou errado, volta uns três passos, se acha e recomeça de onde parou, mas não adianta, a folha já está amassada. Ignora as imperfeições e prossegue. Descobre uma dobradura diferente. Descobre dobraduras já existentes. Quase descobre dobraduras novas, se não fosse a fixação pelo modelo de dobradura pré determinado. Erra, volta, tenta, continua, acerta e erra novamente. Quando acha que conseguiu chegar ao final, percebe que ainda não chegou nem na metade. Agora falta o mais importante e que deveria ter sido feito desde o início: Colorir.

Agrelli, Lívia.

.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Só mais um dia

.
Anoitece. Eu na varanda, sentada na lendária cadeira de balanço familiar embalando meus pensamentos e desejos, enquanto neste mesmo zig zag faço outro balanço; o da minha vida. Depois de um dia cansativo, cheio de alegrias e frustrações, novidades e rotinas encho o peito e digo: Mais um dia. Com o atordoante silêncio da casa vago nas recordações que me trouxeram até aqui. Lembro-me de amores e amigos. Amores que se tornaram amigos, amigos que se tornaram amores. E hoje, estou aqui, só. Nem por opção nem por falta dela, simplesmente só. Permeio as decepções que me fizeram sangrar por dentro mesmo trazendo um largo sorriso como aparente espelho. Revivo as mentiras contadas, que às vezes de forma também recíproca deram fim a possíveis grandes histórias. Volúveis momentos de descontração. Gargalhadas efêmeras também fizeram parte dos tempos, nem que fosse de desespero. Distâncias que apagaram chamas. Chamas acesas sem menor distância. Mesmo que estivesse com alguém, continuaria a me sentir assim, só. A solidão não é somente um estado de espírito, e sim, um hábito de viver. Não se escolhe em ser só, somente se é. Olho ao redor e vejo que poderia ter amores e amigos, mas tenho somente a lua, que a pouco irá constelar outro céu e novamente me deixará só. E o sol aponta no horizonte. Novamente encho o peito e digo: Mais um dia, só.
Agrelli, Lívia.
.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Me

.
Me joga, me leva, me atira, mas me tira daqui. Me suspende, me oriente, me sacuda, me acuda e me ajuda a sumir. Me governe, me libere, me mostre o horizonte e aponte a ponte para partir. Não me iluda, não me suga, não me acusa, fique muda e se restrinja a ouvir. Não sufoque, não provoque, não me toque, não me impeça de ir. Me inove, me renove, me aprove e me apoiei a fugir. Me empurre, me esmurre, me ature, me sussurre que sempre estará por aqui.
Agrelli, Lívia.
.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Uma foto para a eternidade

.
Uma foto, tamanho convencional, 10x15cm, tirada em modelo sépia transparece os séculos passados. A menina no seu vestido cheio de babados, sentada nos trilhos da antiga ferrovia mineira. Percebe-se ao redor seu urso de pelúcia jogado a seu lado, enquanto a pobre menina olha na direção do por do sol no horizonte, entre nuvens que anunciavam tempos chuvosos. Esperando o trem, a doce menina mostra no olhar o medo da partida que a remete a tão adulta insegurança do porvir. O tom do desencanto está aparente em sua face pálida e assustada, com a expectativa de um retorno que nunca aconteceria. O trem está vindo e segundos antes de sair correndo para o embarque, o registro. Um flash, nada mais que no instante de um flash, esse foi o tempo da foto e da tão agonizante despedida que deixou uma incurável cicatriz aberta em seus sonhos. E então, a bela foto foi colocada em um porta retrato de moldura dourada para deixar gravado um passado sempre presente no futuro. Como eu sei? Eu era a menina.
Agrelli, Lívia.
.

Homenagem para uma alma especial

.
Preservando nomes, este versinho foi escrito para a pessoa que me apresentou quem se tornou meu segundo amor (vem depois de Vinícius, é claro). Hoje sinto por Caio mais que uma admiração, sinto-me viciada por ele (Vinínicus que não me escute, rs). Uma singela homenagem a uma alma especial que faz de uma alma deserta menos deserta...

Me soa
Um tanto
Hum quanto
Hum
Previsão?
Então não venho com versos
Nem mesmo com canção
O que preciso dizer
Vc sabe
Um tanto
Hum quanto
Hummmmm
Agrelli, Lívia.

.

Ser seres

.
Sou o fruto da terra, o fruto do mundo
Sou quem sou e o que escrevo
Nem sempre sou o que aparento ser
Sou sem medo de ser
Sou uma antítese, um paradoxo

Sou um simples ser

Agrelli, Lívia.

.

Hoje é dia de parque

.
Acordo num domingo ensolarado. Raios ofuscantes penetram minhas pupilas e me despertam do sono profundo. Sem opção na tv levanto-me e preparo o café matinal bem reforçado, afinal, hoje é dia de parque. Visto uma roupa confortável e saio em busca de me desprender do ócio que cerca a rotina diária. Uma longa caminhada até chegar ao parque, local mais atraente da cidade. No caminho me deparo com famílias reunidas em busca de apagar a solidão propiciada aos filhos após seis exaustivos dias de trabalho. A alegria está no olhar dos pequenos seres que aproveitam um dos raros momentos de comunhão familiar. Ao chegar à tórrida praça me deparo com a cena inusitada; aquele velho e arcaico chafariz esta lá, gritando água e matando a sede de euforia da criançada. A minha direita bicicletas velozes circulam o grande lago, à esquerda balanços alimentando gargalhadas antes esquecidas pela infância perdida. Nada de vídeo games ou computadores, escorregas aceleram os corações de pais e filhos, com a preocupação e despreocupação seguindo lado a lado. Entre saltos e tombos, castelos de areia são construídos em uma ação conjunta, como se aquele trabalho manual fosse a terapia semanal. A hora vai passando e todo clima de entusiasmo e festa parece não se apagar. Cada momento, cada risada, cada berro exaltado, misturados a uma pitada de calor humano contagia qualquer alma adormecida. Sorvetes, pipocas e algodão doce saciam a fome de brincar, mesclados aos refrigerantes que refrescam os corpos errantes. O dia no parque vai passando, as horas assemelham-se a segundos. As palavras prontas do livro que levei foram substituídas por outras de livre criação de meu imaginário. Quando me dou conta, as mãos a caminho do lar já estão dadas. Com chinelos calçados, e a sensação de dever paternal cumprido, as famílias retornam para o recanto do descansar. Mas até o caminho de casa o mais gratificante é o olhar satisfeito e o saltitar da inocente infância resgatada. Dá para reparar, não se fala em outra coisa a não ser planejar o próximo dia de parque.
Agrelli, Lívia.
.