quarta-feira, 13 de maio de 2009

Só mais um dia

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Anoitece. Eu na varanda, sentada na lendária cadeira de balanço familiar embalando meus pensamentos e desejos, enquanto neste mesmo zig zag faço outro balanço; o da minha vida. Depois de um dia cansativo, cheio de alegrias e frustrações, novidades e rotinas encho o peito e digo: Mais um dia. Com o atordoante silêncio da casa vago nas recordações que me trouxeram até aqui. Lembro-me de amores e amigos. Amores que se tornaram amigos, amigos que se tornaram amores. E hoje, estou aqui, só. Nem por opção nem por falta dela, simplesmente só. Permeio as decepções que me fizeram sangrar por dentro mesmo trazendo um largo sorriso como aparente espelho. Revivo as mentiras contadas, que às vezes de forma também recíproca deram fim a possíveis grandes histórias. Volúveis momentos de descontração. Gargalhadas efêmeras também fizeram parte dos tempos, nem que fosse de desespero. Distâncias que apagaram chamas. Chamas acesas sem menor distância. Mesmo que estivesse com alguém, continuaria a me sentir assim, só. A solidão não é somente um estado de espírito, e sim, um hábito de viver. Não se escolhe em ser só, somente se é. Olho ao redor e vejo que poderia ter amores e amigos, mas tenho somente a lua, que a pouco irá constelar outro céu e novamente me deixará só. E o sol aponta no horizonte. Novamente encho o peito e digo: Mais um dia, só.
Agrelli, Lívia.
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